sábado, 8 de dezembro de 2007

Aborto, uma posição egoísta

Saber como me parece a discussão em torno do aborto?

Me lembra alguém que está de dieta, vai numa festa infantil, se enche de docinhos e depois reclama que saiu da dieta!


Ninguém lembra dos direitos da criança. Ela não os têm? Só por que não tem TAMANHO suficiente para se defender? Acho que teremos que reformular o ditado para atender esse caso. Pois neste tema (como nos casos de contaminação vertical por HIV) o certo seria

Tamanho não é documento.
Não consigo ser a favol de aborto. Provavelmente por que sou filha de uma mãe viúva que estava na maior pindaíba quando me teve. Do tipo de levar com a cara na porta ao procurar ajudar e receber um "a criança fica, você não".

Dou graças a Deus por ter nascido ha duas décadas antes da virada do milênio, quando o movimento pró-aborto ainda não era tão forte. Ele poderia ter levado a minha torturada mãezinha para uma opção da qual eu não me alegraria (bom, eu não estaria aqui para me alegrar)

Sim, eu sou contra o aborto por puro egoísmo mesmo. Mas pelo menos eu não esqueci que já fui um feto!


Qual a justiça em penalizar o feto pelo comportamento dos pais? Ou pelo crime de um estuprador?

Eu imagino logo uma resposta atravessada na boca de um filho rebelde de vinte anos adiante:
- Ah, vc podia, pq não me abortou? Agora atura!

Não seria meio aquele argumento usado nas tragédias: "Eu te dei a vida, posso toma-la!" Isso vai valer?

Vejo também a discussão descambando para o contrário, e defesas de patricidas dizendo que estava usando a mesma lógica do aborto, só que ao contrário. Se vale para a mãe, por que não vale também para o filho não é mesmo?!

Será que poderá ser retroativo? Tipo, não tenho mais condições, então vou mata-lo agora que ele tem uns 5 aninhos? Pelo menos aliviaria um pouco as prisões né mesmo!


Quero propor um exercício agora: Imagine que você fez um vestibular ou um concurso público.
Depois das provas aplicadas e que você começou a frequentar a faculdade, ou começou a trabalhar... Alguém vem e te ARRANCA da cadeira. Você não sabe, mas nunca mais poderá sentar ali.

Revoltante não? Qualquer um de nós de revoltaria e berraria, reclamaria, processaria.

Se a faculdade pegar fogo, ou de o órgão público deixar de existir podemos até ficar tristes mas entendemos que não vamos ppoder estar lá. MAS SER TIRADO DE LÁ, quando já estávamos instalados?

Agora, se isso revolta-nos, como conseguimos apoiar o aborto?

Por esses motivos sou contra o aborto. COmpreendo os fatores das mães, mas meu direito acaba quando começa o do outro! ou não é?!

5 comentários:

Anônimo disse...

Também sou contra o aborto, não aceito muito teorias que dizem que um óvulo fecundado não possui o tal ser humano porque ainda nem se formou, existe o princípio do ser e se existe o princípio já É o ser. Não dá para ficar separando conceitos que ainda nem confirmados estão...

Thera Fajyn disse...

Sua posição me consola Evandro.Infelizmente creio que a maioria dos profissionais de saúde tendam para o outro lado...

Enio Luiz Vedovello disse...

Thera, senti uma alfinetada, maior na resposta ao comentário do Evandro do que no texto.
Volto a dizer, eu pessoalmente, sou completamente contra o aborto. Assim como também sou contra o uso de drogas.
Mas não tenho a ingenuidade de considerar que a proibição ao aborto irá fazer com que as pessoas parem de praticá-lo. Assim como não tenho a ingenuidade de acreditar que a sua liberação obrigará todas as gestantes a fazê-lo.
Liberado ou não, o aborto existe, e continuará a ser praticado. A discussão sobre sua legalização ou não joga para debaixo do tapete outras discussões mais sérias, que deveriam estar sendo travadas e não o são por conta do falso moralismo.
Usando o seu exemplo da faculdade, o que acontece hoje é que as pessoas que pretendam arrancá-la da cadeira, impedidas de fazer isto, irão atacá-la com um lança-chamas, pouco se importando com o que vai acontecer ao prédio e aos demais, contanto que você não continue lá.
Eu não defendo, nunca defendi e nem vou defender, que se façam abortos. Apenas defendo que as pessoas que tomaram esta decisão, e que o farão de qualquer maneira, possam correr menos riscos de morte. Posso citar um exemplo próximo: uma mulher que conheço, mãe de tres filhos, separada do marido há mais de seis anos, de repente passando mal, com hemorragia intensa, levada às pressas pelos vizinhos para o hospital. Embora ela negue até a morte, os médicos confirmaram que a hemorragia foi causada por um aborto caseiro. O detalhe é que, no momento em que começou a sangrar, ela estava sozinha em casa. Se não conseguisse chegar até a casa de um dos vizinhos, teria grande chance de ter morrido. Deixando 3 filhos no mundo, a mais velha com 11 anos. Esta seria a melhor opção?

Thera Fajyn disse...

Compreendo agora sua posição Enio.

O problema é que se discute isso num nível muito superficial. Só sim ou não não ajuda a resolver esse problema social, justamente pq ele não tem somente uma causa.

Obrigada pela contribuição. Agora até posso aceitar a idéia.

Thera Fajyn disse...

Corrigindo: Agora consigo perdoar quem faz essas coisas, pq antes da sua explicação eu só tinha raiva delas.


Mas continuo achando essencialmente ERRADO, muito ERRADO!